domingo, 12 de abril de 2009

Uma carta de amor - Niege Felix - homenagem à Kênia Katariny


Uma carta de amor...

Em uma noite qualquer, em um hospital qualquer, Célia que aguardava ansiosa notícias de seu filho, Joel, pulou da cadeira quando viu o cirurgião chegar e perguntou:

- Como está o meu filho? Ele vai ficar bem?

O cirurgião disse: - Sinto muito, fizemos tudo o que estava ao nosso alcance, mas não pudemos evitar.

Célia então falou: - Por que as crianças tem câncer? Será que Deus não se preocupa com elas? Onde estava Deus quando o meu filho precisou dele?

O cirurgião sem ação disse: - A enfermeira sairá para lhe deixar alguns minutos com o corpo de seu filho antes de o levarem para a Universidade.

Mas Célia preferiu que a enfermeira a acompanhasse enquanto se despedia de seu filho querido. Acariciou a sua cabeça.

A enfermeira perguntou se ela gostaria de guardar alguns fios de seu cabelo. Célia aceitou. Cortou uma mecha pouquinha o que restara do tratamento e pôs em uma bolsinha pequena de plástico.

Emocionada Célia explicara a enfermeira: - Foi idéia do Joel doar seu corpo à Universidade. Disse que poderia ser útil a alguém. Era o que ele desejava. Eu a princípio me neguei, mas ele me disse: - Mamãe, eu não o usarei depois que morrer, e talvez ajude e talvez ajude a uma criança a desfrutar de um dia a mais com sua mãe. - Meu Joel tinha um coração de ouro, sempre pensava nos outros e desejava ajudá-los como pudesse.

Cobriram o corpo e o levaram. Saíra do hospital infantil pela primeira vez nos últimos seis meses. Célia colocou a bolsa como os pertences de Joel no assento do carro, junto a ela.

Foi difícil dirigir de volta para casa, e mais difícil ainda foi entrar na casa vazia. Ela pegou sua bolsa e a levou ao quarto de Joel. Arrumou os carrinhos em miniatura e todas as demais coisas como ele gostava. Sentou-se sobre a cama e chorou até dormir abraçada ao pequeno travesseiro dele.

Acordou cerca de meia-noite, junto a ela havia uma folha de papel dobrada. Ao abrir, viu aquelas letrinhas desenhadas, era uma carta que dizia:

Querida mamãe,

Sei que você deve sentir minha falta, mas não pense que eu a esqueci ou deixei de amá-la, só porque estou aqui e não podes escutar o meu Te Amo. Pensarei em você cada dia mamãe e cada dia a amarei ainda mais. Algum dia voltaremos a nos ver.

Se você quiser adotar um menino pra que não fique tão sozinha, ele poderá ficar no meu quarto e brincar com todas as minhas coisas. Se quiser uma menina, provavelmente ela não gostará das mesmas coisas que os meninos gostam, portanto a senhora terá de comprar bonecas e outros brinquedos de meninas. Nesse caso, a senhora poderá doar as minhas coisas para outro menino.

Não fique triste quando pensar em mim, estou num lugar grandioso. Meus avós vinheram me receber quando cheguei. Mostraram-me um pouco daqui, desse maravilhosos lugar, mas levarei muito tempo pra ver tudo. Os anjos são muito amigos e me encanta vê-los voar. Jesus não se parece com as imagens que via dele, mas soube que era ele assim que o vi. Ele me levou pra ver Deus. E acredite mamãe, sentei-me no colo dele e falei com ele como se fosse alguém importante. Eu disse a ele que queria lhe escrever uma carta para me despedir e acalmá-la mesmo sabendo que não era permitido. Deus me deu um papel e sua caneta pessoal para que eu pudesse escrever esta carta. Acho que se chamava Rafael o anjo que deixara cair pra você.

Deus me disse pra lhe responder o que o perguntou: - Onde estava ele quando eu precisei? Deus disse: - No mesmo lugar de quando Jesus estava na cruz. Estava justo aí , como Deus sempre está com todos os seus filhos. Esta noite sentarei a mesa com Jesus para o jantar. Sei que a comida será fabulosa. Ah! Quase esqueci de dizer... Não sinto mais nenhuma dor, o câncer foi embora. Estou feliz porque eu já não agüentava tanta dor, e como Deus não podia me ver sofrendo daquela maneira, enviou o anjo da misericórdia para me levar. O anjo me disse que eu era uma entrega especial, foi como cheguei aqui.

Assinado com amor:

Deus, Jesus e eu...

escrito por: Niege Felix p/ Kênia Katariny

Nenhum comentário:

Postar um comentário